Hoje quero me manifestar sobre esse vídeo que está fazendo sucesso na Internet, com um policial atirando em um assaltante que tentava roubar uma motocicleta. Para mim, a questão não é discutir o mérito da ação policial, eu não estava lá, e possivelmente o policial não tinha muitas opções de reação. O que me irrita profundamente é esse entusiasmo pelo assassinato como forma do Estado lidar com os problemas de segurança pública. Achar que a eliminação de seres humanos é uma saída para a violência urbana é mais que um ledo engano. Posso falar de todo o aspecto de defesa da inclusão social para melhorar índices sociais, mas além desse papo, existe um fator muito importante: violência gera violência. Quando se legitima o assassinato como forma de lidar com um assaltante, a mensagem que fica para o poder público e para o soldado não é que bom, um a menos. A mensagem que fica é: utilizem a força segundo seus próprios critérios, inclusive para matar. Só que tem um problema aí: quem deveria decidir quem contrariou as leis não é o soldado na rua, é um juiz, ou um juri popular. Porque, se um assalto parece um caso muito claro, o que dizer de linchamentos públicos e tantos casos mal resolvidos pelo país? Exemplo: um suposto atropelador é assassinado por transeuntes revoltados e chega a polícia, com o homem, que na verdade era inocente, morto no chão? A polícia deveria chegar e matar todo mundo? Certos comentários tem me levado a pensar que algumas pessoas simplesmente não tem a menor capacidade de analisar fenômenos sistêmicos, extrapolando os exemplos individuais. Ou então acham que o mundo se divide como as novelas da globo, em núcleo bom e núcleo mal. Até onde eu saiba há diversas pesquisas sociológicas que indicam um dado simples: o aumento do investimento em armamento e mecanismos de beligerança entre as partes tende a acentuar a gravidade do conflito. Explicando: se, para lidar com o bandido, as forças de segurança pública simplesmente se armarem mais e matarem mais, os bandidos vão fazer o mesmo, na mesma medida. Só consigo pensar em alguns poucos setores da sociedade que se beneficiam com esse cenário: - fabricantes de armas e coletes a prova de balas - empresas de segurança privada - fabricantes de caixões e coveiros
Posted on: Mon, 14 Oct 2013 23:00:44 +0000
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