Jeitos de aprender na Síndrome de Down Desde a concepção a - TopicsExpress



          

Jeitos de aprender na Síndrome de Down Desde a concepção a criança se desenvolve através dos estímulos que recebe e que vão se organizando no mais completo e complexo sistema de recepção, expressão e armazenamento de informações, o sistema nervoso. Para o funcionamento adequado deste sistema, cada área, cada habilidade, deve ocupar o seu lugar, estabelecendo relações com as outras em uma rede de troca de informações e reações que resultam no funcionamento individual de cada um. Quando, por algum motivo, essa organização fica comprometida, instala-se aí um funcionamento diferente. Pessoas com síndrome de Down (SD) têm em comum o cromossomo 21 extra, responsável pela hipotonia, pela deficiência mental e pelos sinais físicos que as tornam facilmente reconhecíveis e parecidas entre si. Decorrente destas semelhanças, educadores correm o risco de generalizar o funcionamento global de crianças com SD, produzindo uma padronização improvável de competências, dificuldades e modos de aprendizagem. Todas as características que compõem a SD são altamente variáveis e dependentes do resultado da interrelação entre o substrato genético e intervenção do ambiente. Descrições antigas sobre a síndrome, bem como observações desatualizadas causavam generalizações prejudiciais que confundiam pais e educadores e, muitas vezes, determinavam as expectativas. Atualmente, vemos que o nível intelectual, a capacidade de linguagem e aquisição de leitura e escrita, as habilidades sociais, as características de personalidade, são campos com avanços impensáveis para pessoas com SD até a alguns anos. Sem dúvida, na SD ultrapassaram-se os estereótipos e coincidências aparentes e encontrou-se uma rica variedade de competências. Estas competências, por sua vez, serão variáveis de criança para criança, pois são o resultado da relação entre material genético, estimulação recebida e patologias associadas. A intervenção educacional bem programada e sistematicamente realizada produziu resultados eficazes, pessoas que aprendem e se desenvolvem superando expectativas. E a responsabilidade neste processo está nas mãos de educadores, pais e profissionais. E da própria criança que poderá perceber a si mesma como personagem principal desse movimento. Crianças com SD, como todas as outras crianças, terão suas capacidades e dificuldades pessoais. Algumas se desenvolvem com facilidade, outras demoram mais, algumas recebem grandes doses de estimulação e pouco progridem porque sua história biológica lhes impõe limites, outras recebem pouca estimulação e mesmo assim se desenvolvem bem… As crianças vão reagir diferentemente aos estímulos recebidos porque cada um é cada um. E porque muitas variáveis estão envolvidas no processo evolutivo de cada ser humano. A maneira como a família recebe a notícia da SD, sua aceitação da síndrome, com suas capacidades ou deficiências, é um dos fatores que determinam o rendimento futuro da criança, a quantidade e qualidade do tempo que será investido nela. A saúde da criança é outro aspecto que influi em sua evolução. Longas hospitalizações, infecções recorrentes, dificuldades auditivas ou visuais, podem comprometer o seu desenvolvimento motor, cognitivo, lingüístico, emocional e social. Muitas vezes, em decorrência dessas situações, além das quebras no processo evolutivo, surge uma atitude de super-proteção que impede que a criança tenha experiências e descobertas e desenvolva assim as habilidades necessárias para estabelecer um conjunto de estratégias adequadas para resolver problemas e atingir objetivos. Discorrer sobre as chamadas características cognitivas de crianças com SD, portanto, pretende nortear não a busca do erro e da dificuldade, mas sim da solução, das estratégias de superação. A criança com SD, como todas, precisa e merece ter seu modo de aprender “personalizado”, pautado em uma avaliação inicial que direcionará o que já sabe e o que lhe falta saber. Saber sobre seu estilo e ritmo de aprendizado, junto com suas necessidades individuais com pontos fortes e fracos pessoais e os fatores que facilitam e inibem a aprendizagem, permite aos professores planejar e levar adiante atividades relevantes e significativas e programas de trabalho. Uma vez traçado o perfil de aprendizagem do aluno, o professor terá a possibilidade de buscar as formas de superar as dificuldades detectadas e aplicar as habilidades demonstradas. Problemas de aprendizagem sempre existirão, em cada um de nós. O importante é perceber que por trás do erro de um aluno, está a oportunidade de descobrirmos como ele organiza seu pensamento. As características aqui listadas fazem parte de estudos sobre a SD, portanto de um padrão bastante flexível, podendo ocorrer ou não em todos os indivíduos com SD. Aspectos Psicomotores Dizem respeito à capacidade de ação, reação motora em conjunto com habilidades psíquicas específicas resultando no processo de relação da criança com o meio e com ela mesma. É o que permite a realização daquilo a que se propõe para atingir o que se deseja. Através da ação, do movimento, a criança vai estabelecer relações com o meio e com pessoas, internalizando novos conceitos, novas aprendizagens. O que podemos observar: • hipotonia muscular; lentidão nas realizações motoras. • dificuldade na coordenação motora grossa e fina. Pode comprometer o desenvolvimento da escrita. • possível ambidestria: lateralidade manual pode demorar para se definir. Como intervir: • investir desde cedo na estimulação sensorial, atividades motoras e na definição do esquema corporal. • oferecer exercícios, orientação e encorajamento – todas as habilidades motoras melhoram com a prática. • oferecer atividades para o fortalecimento do pulso e dedos, como alinhavar, pontilhados, desenhar, cortar, apertar, construir, etc. • oportunizar estratégias que agilizem o ato motor com atividades de vida diária: guardar, abotoar, amarrar, etc. • possibilitar o uso do corpo, gestos e mímicas como meios de expressão. • buscar alternativas para os traçados grafo-motores, como letra em caixa alta, uso do computador. • valorizar atividades que desenvolvam o aspecto motor com resultados imediatos, e com prazer, como nas atividades de artes: recortar, colar, desenhar, modelar, pintar. • estimular a prática de esportes, dança e expressão corporal. Percepção/ Aspecto sensorial: recepção dos estímulos por uma determinada via, gerando uma percepção que permite identificação, reconhecimento e análise do estímulo recebido para ser armazenado e utilizado posteriormente. O que pode ser observado: • perda auditiva pode ocorrer. Pode ser de leve a moderada e flutuante – às vezes a criança ouve bem, às vezes não. Interfere na aprendizagem da fala, da escrita, nas habilidades sociais. • distúrbios visuais: estrabismo e miopia freqüentes. • contato ocular e acompanhamento ocular podem estar pouco desenvolvidos se a criança tende à distração. • melhor percepção e retenção visual que auditiva. • dificuldade de integração dos estímulos e sua utilização adequada, o que compromete os outros sentidos, além da visão e audição. Como intervir: • exames periódicos devem ser solicitados. • óculos/prótese auditiva devem ter seu uso estimulado na escola. • escrever com letra maiores. • situação da criança na sala deve levar as eventuais dificuldades sensoriais em consideração. • material gráfico adaptado. • valorizar o contato visual com a criança e com os conteúdos, tanto na sua exposição quanto na fixação dos mesmos. Reforçar o discurso com material de apoio visual – figuras, fotos, objetos. • a aprendizagem por observação, a prática das condutas e as atividades com objetos e imagens são muito adequados. • ofertar o maior número possível de estímulos, porém sem excesso ou confusão. • fazer apresentações simples e claras. • reforçar o discurso com expressões faciais, sinais ou gestos. • dizer de outra forma ou repetir palavras e frases que possam ter sido mal-entendidas. Conduta/ Sociabilidade: Conduta: deriva dos valores pessoais de cada um. Diz respeito às estratégias de ação que a criança utiliza para atingir seus objetivos, envolve esquema corporal, linguagem, sociabilidade. Sociabilidade: refere-se à capacidade de estabelecer relações interpessoais, internalização de regras de convívio que permitem troca de experiências e integração entre diferentes pessoas. Não há problemas de comportamento característicos de crianças com SD. Porém, crianças com SD cresceram tendo que lidar com mais dificuldades do que muitos de seus colegas. Uma questão particular no que se refere ao comportamento são as estratégias para escapar das tarefas. Pesquisas mostram que, como muitos alunos com necessidades educacionais especiais, crianças com síndrome de Down costumam adotar estas estratégias que comprometem o progresso de seu aprendizado. É importante o professor ficar atento à possibilidade destes mecanismos de fuga e saber separar comportamento imaturo de mau-comportamento deliberado, e assegurar que o nível de desenvolvimento e não a idade cronológica da criança seja levado em consideração, junto com sua capacidade de entender instruções dadas oralmente. O que pode ser observado: • sua idade social é mais alta que a mental, e esta mais alta que a lingüística. • dificuldade em trabalhar sozinha, sem uma atenção direta e individual. • nas brincadeiras, pode ficar sozinha por escolha ou porque não consegue acompanhar. Podem aparecer tendências ao isolamento. • sem intervenção externa, sistemática, seu nível de interação social é baixo. • a criança pode não aceitar mudanças bruscas de atividades, porque ainda não terminou ou porque está gostando da tarefa. • pouca importância às responsabilidades, ao efeito da não execução de tarefas. • dificuldade em identificar e respeitar seu campo de atuação. Se ultrapassa os limites ou fica sem referencial, surgem sentimentos de insegurança, instabilidade e baixa auto-estima. • tendência à persistência de condutas. Menos capacidade de se inibir. • aprecia a condição de dependência, que façam por ela, mas também gosta muito de colaborar. Como intervir: • ajudá-la e guiá-la na realização da tarefa, até que possa fazer sozinha. Deixar sempre claro este objetivo. • distinguir o “não consigo fazer” do “não vou fazer”. • favorecer sua participação em jogos e atividades em grupo. Grupos de interesse favorecem o aprendizado. • participação em todas as atividades sociais e culturais dentro e fora da escola. • organizar apoio para oferecer sessões de brincadeira estruturadas na hora do recreio. • a coordenação entre todos, professores, terapeutas e família, é fundamental. • promover a conscientização sobre as deficiências através de, por exemplo, uma discussão com toda a classe ou a escola. É importante que os alunos se familiarizem com o colega com síndrome de Down, entendam seus pontos fortes, seus pontos fracos, sua capacidade e também reconheçam que ele tem as mesmas necessidades emocionais e sociais de todos. E que cada ser humano tem suas habilidades e dificuldades. • encorajar a participação do aluno em atividades extra-curriculares com os colegas da escola. • tratá-lo do mesmo modo que os outros alunos, exigindo dele o mesmo que é exigido dos outros (relativo à conduta). • investigar qualquer comportamento inapropriado, perguntando a si mesmo por que a criança está agindo deste modo: a tarefa é muito fácil ou muito difícil ? A tarefa é muito longa? O trabalho é adequado para a criança ? O aluno compreende o que é esperado dele? • reforçar o comportamento desejado imediatamente com sinais de aprovação visuais ou orais. • encorajar o aprendizado cooperativo em trabalho com um parceiro ou num grupo pequeno. • encorajar habilidades de independência e vida prática, por exemplo, dando-lhe responsabilidades – entregar os cadernos, levar mensagens, etc. • encoraja-lo a conhecer a si mesmo, respeitar a própria identidade, promovendo sua auto-estima e auto-confiança. • assegurar que a criança trabalhe com colegas que sejam bons modelos em comportamento. • desenvolver a flexibilidade para mudanças de tarefas. • trabalhar a noção de conseqüência dos atos,das responsabilidades. • trabalhar a inibição de condutas que dificultem a socialização, levando a criança ao auto-controle. • é conveniente estabelecer regras claras e razoáveis. • tanto a super-proteção quanto o abandono são atuações negativas. Linguagem: a possibilidade que a criança tem de comunicar-se através da expressão e recepção verbal, do gesto, do desenho, da escrita, do olhar. Condição de expressão de idéias, conhecimentos e desejos. A linguagem permite organizar, elaborar, estruturar, diminuir impulsividade. O que pode ser observado: • pode apresentar algum nível de dificuldade na compreensão verbal, principalmente em sentenças ou ordens longas. • a linguagem expressiva pode ser comprometida por dificuldades na articulação dos sons. • pode compreender melhor do que se expressar. • vocabulário restrito. • a aprendizagem de regras gramaticais pode ser difícil, usando poucos vocábulos de conexão, preposições, etc., resultando num estilo telegráfico de discurso. • a gagueira pode ser observada. • a linguagem pode estar menos desenvolvida que o aspecto cognitivo. • melhor rendimento em provas motoras e manipulativas que verbais. • pode ter dificuldade em ordenar fatos verbalmente, em narrar acontecimentos. • lentidão para responder a perguntas ou ordens dadas. Como intervir: • falar frente à frente e olhando nos olhos do aluno. • checar o entendimento – pedir para a criança repetir instruções dadas. • reformular para a criança as perguntas ou ordens feitas, adequar-se à capacidade de compreensão da criança. • exposições, perguntas ou ordens longas não são indicadas. Falar claramente, se a criança não entender a instrução dada, repeti-la em outros termos. Mensagens breves, concisas, diretas, simples e sem duplo sentido. Linguagem simples e familiar, com frases curtas e enxutas. • dar mais valor ao conteúdo do que à forma da expressão verbal. • falar se aprende falando. Falar com ela e escutá-la são as melhores estratégias. • reforçar instruções faladas com instruções impressas, usar também imagens, diagramas, símbolos e material concreto. • o professor envolvido na situação de comunicação pode funcionar expandindo as emissões, devolvendo o enunciado de forma mais completa. • a gagueira não deve ser supervalorizada. A criança deve ter seu tempo de fala respeitado. • dar a ela tempo para que responda, antes de achar que não sabe a resposta. • evitar perguntas fechadas e encorajar a criança a falar além de frases monossilábicas. • dar oportunidade de responder, mostrar seu conhecimento ou expressar seu sentimento usando mais que palavras. O gesto é facilitador. • encorajar o aluno a falar em voz alta na sala dando a ele estímulos visuais. Permitir que “leia” a informação pode ser mais fácil do que falar espontaneamente. • o uso de um diário para casa e escola pode ajudar os alunos a contar suas “novidades”. • não deduzir baixa competência cognitiva a partir das dificuldades de linguagem. • valorizar a sequencialização temporal na organização da fala. • leitura e escrita favorecem o desenvolvimento da fala e da comunicação como um todo. Ensinar a ler e usar palavras impressas para ajudar a fala e a pronúncia. Atenção: decorrente da motivação resulta no interesse e tempo dedicados a determinado assunto ou tarefa e permite análise e percepção, estabelece relações e conseqüências. O que podemos observar: • se cansa rapidamente e sua atenção não se mantém por tempo prolongado. • a atenção varia de acordo com o interesse que a tarefa desperta (motivação). • facilidade em se distrair diante de estímulos diversos que apresentem novidades. • quando se pede que realize muitas tarefas em curto espaço de tempo, se confunde e resiste à situação. • não dá importância ao finalizar a tarefa, por isso muda de atividade de acordo com seu interesse do momento. • dificuldade de inibir estímulos irrelevantes, tendo como conseqüência a distração. Como intervir: • programar exercícios que aumentem seu tempo de atenção. Construir uma gama de atividades curtas, focalizadas e definidas claramente nas aulas. • variar o nível de demanda de tarefa para tarefa e o tipo de apoio. • atividades variadas e amenas. • selecionar as tarefas e reparti-las no tempo, sem angústia ou cansaço. • quando a criança participa ativamente da atividade, aprende melhor e esquece menos. • planejar tarefas nas quais a criança intervenha ou atue como personagem principal. • valorizar o referente ocular: o contato ocular professora-aluno e o acompanhamento do olhar do aluno ao que se está referindo. • é conveniente olhar para a criança quando falamos para comprovar que está atenta, eliminar estímulos que a distraiam, apresentar-lhe elementos um a um e evitar mandar-lhe diferentes mensagens e estímulos ao mesmo tempo. • sempre que possível, durante uma exposição ou atividade, resgatar com a criança o assunto trabalhado. • quando conhece os resultados positivos de suas atividades, se interessa em colaborar. Elogiar pelos acertos ou tentativas e animá-la, desperta maior interesse e aumenta o tempo de tolerância de trabalho. • lembrar que falta de atenção é diferente de latência de resposta. A criança tem seu ritmo de devolução. • providenciar um quadrado de carpete para que a criança fique sentada no mesmo lugar em atividades no chão. • trabalhar no computador pode ajudar a manter o interesse da criança por mais tempo. Memória: Capacidade de armazenar informações do presente e evocar fatos do passado está diretamente relacionada a fatores emocionais e significativos da vida da criança. A memória auditiva recente pode apresentar dificuldades: é a memória armazenada usada para manter, processar, entender e assimilar a língua falada o tempo suficiente para responder. Qualquer déficit na memória auditiva recente vai afetar consideravelmente a habilidade do aluno em responder a palavra falada ou aprender a partir de situações que se prendam somente a sua habilidade auditiva. Além disso, pode ser mais difícil seguir e lembrar de instruções verbais. O que podemos observar: • dificuldades de memória a curto-prazo. • boa memória para atividades rotineiras, de procedimentos e operativa. • melhor memória visual que auditiva • pouca memória auditiva seqüencial, que lhe dificulta reter várias ordens seguidas. • dificuldade em solucionar problemas novos, ainda que estes sejam parecidos a outros vividos anteriormente. Compromete a generalização. • é trabalhoso recordar o que conhece, relacionar novos conteúdos com outros já adquiridos. Como intervir: • o desenvolvimento da memória é essencial para potencializar a aprendizagem: pode ser estimulada com jogos específicos e atividades quotidianas de casa e da escola, como passar recados e fazer listas. • resgatar com a criança, antes de ir embora, os fatos importantes do dia. Fazer o mesmo quando chega, relembrando o dia anterior. • considerando que a memória visual é melhor do que a auditiva, os registros gráficos como desenhos, fotos, figuras ou escrita dos conteúdos trabalhados, são retidos com maior eficiência. • repetir tarefas já realizadas, para que recorde como são feitas e para que servem, e possa utilizá-las para novas aprendizagens. • proporcionar-lhe estratégias de memorização (subvocalizar, músicas, agrupar os objetos em categorias, etc.) • limitar a quantidade de instruções verbais a uma de cada vez. • repetir individualmente para o aluno qualquer informação ou instrução dada à classe como um todo. Leitura e Escrita Há muitas pesquisas destacando a forte ligação entre a leitura e o desenvolvimento da linguagem em crianças com síndrome de Down. A palavra escrita faz com que a linguagem se torne visual e os textos impressos superam a dificuldade do aprendizado pela audição. A leitura pode, portanto: • ajudar a compreensão. • ajudar a acessar o currículo. • melhorar as habilidades de fala e linguagem. As dificuldades de memória a curto-prazo, fala e linguagem, coordenação motora fina e organização e sequenciamento de informação provocam um impacto considerável na aquisição e desenvolvimento da escrita para muitos alunos com síndrome de Down. Como intervir: • investigar recursos adicionais para ajudar a escrita – diferentes tipos de instrumentos para escrever, apoio tátil para empunhar o lápis, linhas grossas, quadrados no papel para limitar o tamanho da letra, papel com pauta, quadriculado, quadro individual para escrever, programas de computador. • oferecer apoio visual – cartões de leitura com figura ou foto e palavra, palavras-chave e símbolos gráficos escritos em cartões. • reforçar os significados de palavras com figuras e símbolos. • oferecer um banco de palavras com figuras agrupadas alfabeticamente para reforçar o significado. • trabalhar atividades de ortografia no computador. • oferecer métodos alternativos de memorização: sublinhar ou circular a resposta correta, sequência de frases com cartões, programas de computador específicos. • garantir que os alunos só escrevam sobre assuntos que estejam dentro de sua experiência e entendimento. • ao copiar do quadro, sublinhe ou destaque uma versão mais curta que focalize o que é essencial para o aluno. • encorajar o uso da letra que for mais fácil para o aluno. Modos de Aprendizagem: na base das características citadas, está um nível de funcionamento determinado pela presença frequente de algumas limitações que comprometem a aprendizagem como um todo. O que pode ser observado: • crianças com SD têm diferentes graus de deficiência intelectual e dificuldades e habilidades em diferentes áreas. • podem levar mais tempo para aprender e consolidar coisas novas e essa habilidade pode variar de um dia para o outro. • pouca curiosidade para conhecer e explorar o que a rodeia. • pouca iniciativa: não inventa nem busca situações novas. • dificuldades nos processos de conceitualização, abstração, dedução, generalização e transferência de aprendizagens. • não se organiza para aprender com os acontecimentos da vida diária. • precisa de mais tempo para responder. • dificuldade em lidar com diversas informações. • lentidão em processar e codificar a informação e dificuldade em interpretá-la. • metacognição comprometida: a criança tem dificuldade em usar adequadamente seus conhecimentos no momento oportuno e do modo mais eficaz. • dificuldade na solução de problemas de modo espontâneo. Como intervir: • não esquecer que existe uma deficiência que exige adequações de fala, de tarefas, de exposições de conteúdos, de avaliações. • focar mais nas competências. Explorar as habilidades do aluno para trabalhar suas dificuldades. • a via afetiva é importante porta de entrada para as aprendizagens e a motivação é estratégia para sua efetivação. A motivação é o ponto de partida para aquisição do conhecimento, é a mola propulsora da busca da satisfação de uma necessidade, do equilíbrio seja físico, afetivo ou intelectual. Quando existe afeto envolvido, há maior ativação cerebral, que resulta em melhor aproveitamento do que foi exposto. • trabalhar partindo do concreto ao abstrato, do manipulativo ao intelectual. • seguir em frente, sempre retomando aprendizagem prévia para assegurar que coisas aprendidas anteriormente não ficaram esquecidas e fazer com que se sinta tranqüilo ao abordar um conteúdo que domina. • despertar o interesse pela exploração, pela busca de informações, no ambiente que a rodeia. Levá-la a tomar iniciativas. • ajudar a criança a aproveitar tudo o que acontece ao seu redor, relacionando os conteúdos atuais com aprendizagens anteriores. Dar função ao conhecimento adquirido. • a programação deve prever a generalização, aplicação e manutenção das condutas aprendidas. • a noção de causa/efeito, de conseqüência dos atos deve ser trabalhada em todos os contextos, pois vai favorecer o desenvolvimento da conduta e sociabilidade, limites, auto-cuidado e cognição. • explicar sempre que necessário, não contar como adquirido um conhecimento que não está sendo verificado. • oferecer mais tempo e oportunidade para repetições adicionais e reforço. • apresentar informações e conceitos novos de maneiras variadas, usando material concreto, prático e visual, sempre que possível. • dar-lhe tempo para responder, a curto ou longo prazo (perguntas imediatas ou conteúdos de aprendizagem). • A criança pode aprender melhor quando já obteve êxito em atividades anteriores. Conhecer em que ordem se deve ensiná-la, oferecer-lhe oportunidades de êxito e sequencializar bem a aprendizagem. • ensinar à criança o uso de suas próprias capacidades; funcionalizar a aprendizagem. O porque aprender. • encorajar a solução de problemas, desde pequenas dúvidas cotidianas. Levar seu aluno a pensar. E considerar sempre a realidade que deveria ser a de todos as crianças: dispensar o supérfluo e ensinar o que for relevante para a vida do aluno. Josiane Mayr Bibas Maria Izabel Valente REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: - Dados sobre a Memória, Linguagem, Conduta, Sociabilidade de Crianças com Síndrome de Down: Emílio Luiz Rodriguez. Fundación da Sindrome de Down da Cantabria/ 2004. Internet. - Síndrome de Down : lectura y escritura – Maria Victoria Troncoso e Maria Mercedes Del Cerro. Cantabria : Masson, S.A., 1998. - A Aprendizagem da Criança e suas Dificuldades. Julianne Fischer. Fundação Universidade Regional de Blumenau, Departamento de Educação/ FURB - Um Progetto Integrato per la Síndrome di Down: Stefania Bargagna e Francesco Massei. Edizioni Del Cerro: Itália/1996. - As Necessidades Essenciais das Crianças: T. Berry Brazelton e Stanley I. Greenspan. Ed. Artmed/2002. - Incluindo Alunos com Síndrome de Down no Ensino Fundamental – Sandy Alton, Down´s Syndrome Association. Ministério da Educação Britânico.Versão original:downs-syndrome.org.uk/pdfs/DSA%20A4%2012pp%20Primary.pdf
Posted on: Thu, 03 Oct 2013 23:30:02 +0000

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