O LIVRO GOLE D’ ÁGUA Uma ideia inteligente Nem - TopicsExpress



          

O LIVRO GOLE D’ ÁGUA Uma ideia inteligente Nem sempre, porque acontece às vezes de eles valerem até mais que a própria obra se referência, mas não são raros os casos de prefácios tornarem-se peças absolutamente dispensáveis, sobretudo quando escritos para apresentar alguém que, absolutamente, não precisa de nenhuma apresentação, É o caso dos autores de Gole d Água, Cardan Dantas, Jorge Portugal e Luís Galvão não precisam de quem os prefacie, muito menos de quem os apresente ou referencie. São estrelas de luz própria, tríade de uma constelação de poetas, letristas, comunicadores, mestres de afazeres vários que boa parte do Brasil já conhece. Conhece, reconhece e aplaude, sem nenhum favor, ou com muita justiça, para sermos mais precisos Por isso, os editores do Gole d Água poderiam melhor ocupar o espaço desta apresentação, a título de chamada. no linguajar dos jornalistas, com a publicação de parte do Código do Poeta, de Esse Reggae, ou, ainda, com os versos de Erguido pelo patrimônio histórico. Os leitores, entre os quais modesta, mas honradamente eu me incluo, só teriam a ganhar. No entanto, vão perder, porque não foi assim, que os editores entenderam, obrigando-me a seguir dizendo que as diferenças entre esses três artistas da palavra são visíveis, diria até audíveis, se os compararmos a um trio musical do Nordeste. É possível ver e até ouvir a diferença entre o sanfoneiro, o zabumbeiro, e o homem do triângulo. Difícil, quase impossível, é distinguir no conjunto quem toca a sanfona, quem toca a zabumba, quem toca o triângulo, os três cantando ao vivo, sem microfones nem amplificadores, os mesmos temas, passando do amor as desamor, da fome ao fausto, da sede ao gole d água. Um deles, Cardan Dantas, anuncia a musica, sem determinar o tom: Não quero saber de palavras quero o saber da palavra, tudo escrito assim, sem ponto nem virgula. Mas, se são prescindíveis as palavras, de que servem o ponto, que interrompe, e a vírgula, que descadencia?, pergunto, e Cardan me responde que no planeta em que moramos, dizem que a melhor palavra é aquela que não se escreve nem se fala. Nem sempre, é claro. Há exceções. Sobretudo quando se transpõem outros planetas, sem contar que seu colega Jorge Portugal ensina que quanto mais agente ensina, mais aprende o que ensinou. E o poeta aponta ao homem os caminhos do aprendizado, lembrando, com a propriedade dos poetas em ação, que se somos a soma de tantas subtrações, outras gerações vão nos multiplicar. Que os multipliquem como donos da palavra fácil e farta, amena e contundente, chorosa e raivosa, contendo pesos elásticos e medidas sobrepostas, na construção de uma poesia de gosto tão mais universal quanto mais particularizada eles a fazem. Cardan Dantas, foi assim em Um Solto no Outro e em Beba Coca Cola e Pense em Mim, é um esteta por excelência. Sua obra tem como fonte perene as manifestações populares, de que se vale para construção de versos marcados pela originalidade, pela surpresa e pela harmonia, É letrista dos mais requisitados pelos grandes nomes da musica popular brasileira. Sua chave-de-ouro em Gole d Água é o Código do Poeta que, insisto, deveria ser um dos textos de apresentação deste livro, uma vitrine do Gole. Jorge Portugal, repito o que esta na boca do povo, sempre fez bem tudo que fez e faz, quer como professor, poeta, letrista, compositor ou cantor, Em Gole d Água, ele reafirma sua condição de intelectual maduro e plenamente identificado com as raízes culturais de sua gente, embora sem abandonar sua condição de lúcido cidadão do mundo. Intelectual há muito aprovado, Jorge foi idealizador e coordenador de importantes projetos, entre os quais o Circulador Cultural. o Universidade Livre da Bahia e o nacionalmente premiado Manuel Faustino. ou Pré - Vestibular do Povo. Cardan Dantas e Jorge Portugal não poderiam aparecer em Gole d Água em melhor companhia que a de Luís Galvão. autor de Geração Baseada e de Novos Baianos, título homônimo do grupo musical por ele criado com Moraes Moreira, nos idos de 67. Poeta de extrema sensibilidade, Galvão é, sem favor, um dos maiores letristas do país. Foi ele quem escreveu que ser inteligente é ser feliz. Não sei quem teve a idéia de juntá-lo a Jorge e Cardan em torno de Gole d Água. Quem os juntou, posso garantir, sem medo de errar, é um homem muito feliz, porque autor de uma idéia muito inteligente. Salvador, julho de 2003 Eraldo Tinôco
Posted on: Sun, 21 Jul 2013 16:59:00 +0000

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