O REPENSAR DO MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAÚCHO Tese escrita e - TopicsExpress



          

O REPENSAR DO MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAÚCHO Tese escrita e apresentada pelo nosso companheiro F. Pinto Fernandes, diretor de divulgação da CBTG e presidente do Conselho Deliberativo da FTG-PC, no 52º Congresso do MTG-RS, realizado em Cachoeirinha (RS), nos dias 13, l4 e 15 de janeiro do corrente ano, no CTG Rancho da Saudade. INTRODUÇÃO Iniciamos uma série de artigos com o título acima (publicados no site da CBTG) com a intenção de despertar para as agressões que há muito vêm se tornando práticas corriqueiras no MTG. Acreditamos que estamos chegando no ápice do aceitável. O movimento está sendo desfigurado nas suas estruturas. Ações estão sendo praticadas com tamanha desenvoltura que, num processo cumulativo, atingirão, sem nenhuma dúvida, em curto prazo, as raízes mais profundas das bases nor, dos conceitos e dos princípios que norteia a nossa causa. Um movimento cujo manancial é a cultura, no desfiguramento dos seus elementos formadores, não terá sobrevida significativa. O que dele sobrar, se alguma coisa restar, será apenas um espetáculo circense, sem a base cultural popular desse. Fantasmas rondam os nossos galpões. No povoamento dos campos do pensamento esses espectros plantam sementes de invasoras que, numa pérfida ação destruidora, alimentam-se com o soro que nos dá vida. É uma obra orquestrada? A nossa percepção diz que sim. Mas, somente com ela não podemos fazer uma afirmação concreta. No correr deste trabalho, outros fatos serão somados que permitirão uma análise mais profunda. Não temos a intenção de ensinar, polemizar ou manter pontos de vistas indiscutíveis . Não vamos fazer identificações. Não é hora de procurarmos culpados. Muito menos para atos de expiação. É hora de tentarmos rever nossas diretrizes e, num trabalho de profunda reflexão, analisarmos nossas posições com vistas à busca de soluções globais para os problemas que estão se apresentando. Queremos deixar neste trabalho a nossa visão do MTG, como observadores e, principalmente, como participantes nos últimos vinte e oito anos. TRADIÇÃO E TRADICIONALISMO Tradição é muito mais que um nome. É um arcabouço estruturado no passado, que se lança para o porvir em função dos valores com que foi composto. Adjetivada adquire conotações que a levam a exprimir recordações, memórias, sentimentos, enfim, significâncias variáveis. É no conceito que ela se define. É do seu conteúdo que o homem se alimenta. Tradicionalismo é a institucionalização da tradição. Deriva da necessidade social de o homem expressar e vivenciar, em grupo, atos e fatos passados, que são motivos comparativos e identificados como balizadores de suas condutas. O exercício do tradicionalismo será permanente, na razão direta, da fidelidade com que é praticado. O tradicionalismo não é voltar à semelhança dos tempos idos. Seria purismo infantis, inconseqüentes. É, isto sim, usar a herança recebida e, no culto de seus valores, sermos dogmáticos, nas nossas ações. No direito, a tradição é o ato de transmitir ou entregar. No tradicionalismo, é o ato de receber. Ao nos incorporarmos ao MTG adquirimos todo um passado que é motivo de nosso orgulho, - para revivermos, cultuarmos e transmiti-lo - aos nossos semelhantes, na íntegra, dos valores culturais que a consagra. . Temos que considerar que ser tradicionalista é uma escolha voluntária, como voluntária é a permanência nos quadros das entidades acolhedoras. Nesse enfoque, acreditamos que o verdadeiro tradicionalista é aquele cujo código de conduta é linear com o que preceitua a Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Ao incorporar a Carta de Princípios ao Regulamento do MTG , esta passou a ser uma norma . Portanto, a desobediência, caracterizada na infração de qualquer item do art. 10, do regulamento em pauta, incorre em falta consciente. A responsabilidade da pessoa física ou jurídica tem que ser exigida. A Carta de Princípios é a nossa LEI MAIOR . Glauco Saraiva, quando elaborou a Carta de Princípios, foi de uma visão ímpar. Em vinte e nove itens, racionalizou um código de conduta que, após quarenta e quatro anos da aprovação, mantém-se claro e atualizado. Glauco Saraiva tinha o saber exato do que era o Movimento Tradicionalista. Só um homem dotado de inteligência profunda, adicionada a um sábio conhecimento e a um amor ventral pela sua origem poderia se antecipar no tempo de maneira tão clara - à semelhança de um exercício de futurologia. Ele já dizia: (...) à beira das estradas encontro esqueletos de CTGs (...). Glauco já denunciava tempos que viriam. O Movimento Tradicionalista cresceu e muito. Cresceu de maneira desproporcional. A cabeça não acompanhou o corpo. O - esqueleto de CTGs - referido por Glauco, creio, não se limitava à extinção das entidades do ponto de visto jurídico. É lúcido pensar, que o estudioso e observador sagaz estendia a referência aos CTGs não cumpridores de suas finalidades. Esqueletos vivos. A diáspora gaúcha , a partir dos anos de 1960, se intensifica de maneira significativa. Na abertura das novas fronteiras agrícolas, o Rio Grande passou a acampar nos quatro pontos cardeais do país. No âmago das novas paragens, os gaúchos com a força da terra originária implantam pedaços de Rio Grande. Nossos costumes, nossa história, nossa visão política, nossa força de trabalho resplandecem nesses novos pagos. São os gaudérios de então criando novos mundos. E os CTGs foram sendo plantados. Nas tertúlias das saudades a Província de São Pedro é vivida e cantada. Mas, por mais forte que seja a cultura, ela absorve lascas do ambiente em que atua. Somos nós, os desgarrados da querência, que sentimos isso de maneira incisiva e, aqui, nasce o primeiro grande problema que enfrentamos - o aculturamento . Quando foi fundada em Brasília a Coordenadoria de Integração Gaúcha do Planalto, embrião da atual Federação Tradicionalista Gaúcha do Planalto Central, na solenidade de instalação (17 de outubro de 1992) dizíamos no documento de introdução a Carta de Princípios da Coordenaria da Integração Gaúcha do Planalto que: (...) Hoje, aqui, enrodilhados, buscando acolher nossas trilhas, peçamos ao Patrão Maior que nos ilumine. Nossa responsabilidade é muito grande. Fazer, viver, cultuar tradição, costumes e história, em terras outras, são tarefas árduas, difíceis. O inimigo principal é o aculturamento. Fácil de ser absorvido quando fazemos concessões. Quem tem raízes como temos, não precisa ceder para se impor. Se nos conduzirmos naturalmente como somos, seremos respeitados e admirados . ESPAÇO Brasília é uma cidade que não encontra par em nenhum outro lugar do país e, possivelmente, no mundo. Muito poderíamos falar para comprovar essa assertiva. Mas, examinaremos somente sob o aspecto cultural. Aqui se dá o encontro de todas as culturas que formam o mapa regional do Brasil, acrescido, ainda que em menor escala, dos laços culturais advindos das representações diplomáticas aqui instaladas. Por esse entrevero e o pouco tempo de inauguração está ainda em processo de formação cultural própria. As diferenças de costumes, hábitos e linguajares são barreiras difíceis de serem transpostas. Imaginem uma família gaúcha tendo um hóspede oriundo do norte ou nordeste, que cito pela distância geográfica. Embora falando a mesma língua, o entendimento é, inicialmente, altamente dificultado, devido aos costumes, sotaques e terminologias próprias. É como se estivéssemos vivendo em outro país. Fazemos essas digressões para dar uma idéia ambiental, sintetizada, das dificuldades que o FTG-PC enfrenta para sobreviver nesse cadinho cultural . É de se notar que a colônia gaúcha, do ponto de vista de densidade populacional, comparada a maioria dos outros estados, é pequena. O espírito gregário que trazemos de berço é a ligação umbilical com a nossa terra que, exacerbada pelas distâncias, faz com que nós , gaúchos , instalemos CTGs pelos novos rincões aonde passamos a viver. Barbosa Lessa escreveu : (...) E, através dos Centros de Tradições, o Tradicionalismo procura entregar ao indivíduo uma agremiação com as mesmas características do grupo local que ele perdeu ou teme perder: o pago. Mais que o seu pago, o pago das gerações que o procederam(...) Nós somamos: o pago que queremos legar para os nossos descendentes. Na época Barbosa Lessa não podia prever a diáspora que ocorreria. A formação do grupo local, para os extraviados dos rumos de nascença, passa a ser uma necessidade vital. Criar pagos longe da querência é muito mais difícil. Lá, na Pátria, o pago faz parte do todo. Aqui, é apêndice de um todo. Como dissemos acima, vivemos num cadinho cultural. ATUAÇÃO DO MTG-PC NO DISTRITO FEDERAL Hoje, no Distrito Federal, temos quatro CTGs. Dois urbanos e dois rurais. Ganhamos o nosso lugar no tecido social de maneira plena. Usamos as nossas pilchas em qualquer lugar, em qualquer dia, em qualquer hora. Somos admirados e respeitados. Sempre que necessitamos do apoio das autoridades governamentais , somos atendidos. Há quatro anos consecutivos, durante a Semana Farroupilha, somos homenageados com uma sessão especial da Câmara Legislativa Distrital. Isso tudo foi ganho em razão: da nossa conduta ética; da nossa interação e respeito com a sociedade em que vivemos; do respeito como tradicionalistas aos princípios que nos regem; e pela maneira passional com que externamos e cultuamos o que é nosso. Cometemos erros? É evidente que sim! Discordamos? Sim! Mas, com maior ou menor resultados, sempre conseguimos arreglar soluções que ficaram restritas ao nosso meio. Estamos muito longe de ficarmos imunes ao aculturamento. O contato e a convivência com outros grupos podem acabar nos assemelhando. Por isso, temos conhecimento claro do processo transformativo que gradativamente nos agride. Quando usamos os nossos exemplos foi unicamente porque sentimos, de dentro para fora, o que Barbosa Lessa determina como - unidade psicológica. Ele diz: (...) o cerne cultural dá, aos indivíduos, a unidade psicológica essencial ao funcionamento da sociedade. (...) Dentro da especificidade da nossa argumentação , preferimos particularizar o termo sociedade por Movimento Tradicionalista. Pode ser que até sejamos contraditados e alguém diga: - Brasília por acolher diversidades culturais tão expressivas e ainda não possuir uma base de civilização própria, é naturalmente permeável a manifestações externas. Como gaúcho, não aceito a simplicidade de uma interpretação dessa categoria. Impomo-nos, porque somos oriundos de uma terra que, por suas singularidades, consubstancia cargas culturais fortíssimas que se sobrepõem à dinâmica da vida. O MTG E O MOMENTO As nossas referências até esse momento tiveram o escopo de ser anteparo, resguardo, intróito, defesa, ou qualquer outra substantivação que se queira dar, para que possamos mostrar a exposição maléfica a que o MTG está sendo submetido. Lendo o parágrafo acima, parecemos ser contraditórios. Mas não somos, infelizmente. O processo de globalização, por si só, tende a horizontalização dos valores, o que já é pernicioso. Mas, valores não selecionados pelos seus aspectos intelectuais, sociais, humanistas ... Valores dirigidos aos interesses de corporações industriais, financeiras, até mesmo religiosas ... A perniciosidade, no caso, é muito mais espúria, ela se vale de expedientes muitas vezes mascarados. Como aranha vai montando sua teia, na qual, os menos avisados, são capturados. Se nós , do MTG , não formos prudentes , perderemos a nossa identidade. Barbosa Lessa alertava: (...) Qualquer sociedade poderá evitar a dissolução enquanto for capaz de manter a integridade de seu núcleo cultural. Desajustamentos, nesse núcleo, produzem conflitos entre indivíduos que compõem a sociedade, pois esses vêm a preferir valores diferentes , resultando, então, a perda da unidade psicológica essencial ao funcionamento eficiente de qualquer sociedade . Mais adiante continua : (...) A nossa cultura somente poderá se impor sobre as outras culturas, no entrechoque inevitável, se for suficientemente prestigiosa. (...) Barbosa Lessa ao usar a palavra desajustamentos, na nossa análise, pode corresponder ao que demarcamos como: concessões. A concessão é o primeiro ato que dá início à agressão cultural. Cultura , na tradição, tem que ser compreendida como imutável, pois são bens entregues na íntegra e, se deturpados, perdem a singularidade. Voltamos a dizer: (...) usar a herança recebida e no culto dos seus valores, sermos dogmáticos nas nossas ações. (...) CONCESSÃO Nós definimos concessão como o ato de ceder valores inalienáveis e basilares, que levam à deturpação dos princípios consagrados pelo MTG. A concessão se manifesta consciente ou inconscientemente. Acordamos que a maioria dos desvios é cometida de maneira impensada, ocasionada pelo não conhecimento da doutrina que instrui o nosso Movimento. Soma-se a não observância à Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista Gaúcho - item XX - zelar pela pureza e fidelidade dos nossos costumes autênticos, combatendo todas as manifestações individuais ou coletivas, que artificializem ou descaracterizem as nossas coisas tradicionais. - Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista Gaúcho. A consciente é sempre dolosa - esconde, em grande parte, interesses outros. É destrutiva e, portanto, tem que ser eliminada, de preferência no nascedouro, pois ramificada cria males difíceis de serem extirpados. Sem nenhuma gradação , citaremos alguns exemplos a título de ilustração: Melodias e ritmos de músicas crioulas modificadas, CTGs que fazem bailes usando metade da noite com música gaúcha e a outra metade com música universal; Uso da bombacha Argentina em cavalgadas e dentro dos CTGs; Gaúcho pilchado e usando chapéu de cowboy; O uso do você em lugar do tu (vide nosso artigo no site da CBTG); Programas apresentados em TV que deslustram a cultura gaúcha. Mas, se as concessões são preocupantes, um perigo muito maior se faz presente diuturnamente em todos os nossos caminhos, especialmente em nossos lares. É a penetração da mídia escrita, falada, televisionada e a Internet que, com a força que possuem, criam ou modificam hábitos, costumes, padrões morais, folclores e tradições. Examinaremos, sob esse ângulo, o que nos atinge frontalmente como tradicionalistas. Aceitamos e defendemos que a liberdade de expressão, nos regimes democráticos, é uma cláusula pétrea. É o suporte para a prática da cidadania. Cabe a nós, cidadão, criarmos as trincheiras para a manutenção de nossas valias. Barbosa Lessa alertava: (...) Sem o apoio de um grupo que pense do mesmo modo, é-lhe impossível sentir-se seguro a respeito de qualquer assunto. E assim o indivíduo torna-se presa fácil de qualquer propaganda insistente, (quer seja a má propaganda, quer que seja a boa propaganda). (...) Barbosa Lessa e Glauco Saraiva tinham o dom de falar, escrever e interpretar a época em que viveram. Como estudiosos, tiveram a preocupação de levantar os problemas que o MTG, ainda incipiente já enfrentava. Com a inteligência e a limpidez dos fazedores de história, anteciparam-se no tempo, na preocupação de deixar um caminho para o - resgate de valores - que fosse imperecível. E deixaram. Deixaram duas obras que, se fossem devidamente estudadas, analisadas e cotejadas em profundidade, temos certeza, não estaríamos nesse congresso pedindo uma reflexão e uma ação para os problemas das perdas gradativas na nossa cultura e, volto a dizer, da nossa identidade como gaúchos. Durante a nossa prática como tradicionalista , temos sustentado oralmente e por escrito, que o MTG só terá vida se o cumprimento e o respeito às bases culturais forem mantidas. Não estamos sendo nenhuma exceção, só basta citar novamente Barbosa Lessa. (...) A cultura e a sociedade ocidental estão sofrendo um assustador processo de desintegração. Incluídas nesse panorama geral, a cultura e a sociedade (...) No parágrafo seguinte continua :(...)Analisando tais circunstâncias, mestres da moderna Sociologia chegaram à conclusão de que os problemas sociais cruciantes da atualidade são causados, ou incentivados, pelo relaxamento do controle dos costumes e noções tradicionais de cada cultura. (...) Mais à frente escreve: (...) Se, porém, a cultura invadida não é predominante e forte, a confusão social é inevitável: idéias e hábitos incoerentes sufocam o núcleo cultural, desnorteando os indivíduos, e fazendo-os titubear entre as crenças e valores mais antagônicos. Quem mais sofre com essa confusão social - acentua o sociólogo Donal Pierson - são as crianças e os adolescentes, os responsáveis pela sociedade do porvir. (...) Glauco Saraiva ao elaborar a CARTA DE PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAÚCHO reuniu num só documento, normas que, se cumpridas, perpetuarão o nosso Movimento. Selecionamos seis itens desta Carta que casam com o espírito deste nosso documento 1 -Auxiliar o Estado na solução dos seus problemas fundamentais e na conquista do bem. 4 - Facilitar e cooperar com a evolução e o progresso, buscando a harmonia social, criando a consciência do valor coletivo, combatendo o enfraquecimento da cultura comum e a desagregação que daí resulta. 5 - Criar barreira aos fatores e idéias que nos vêm pelos veículos normais de propaganda e que sejam diametralmente oposto ou antagônicos aos costumes e pendores naturais de nosso povo. 6 - Preservar o nosso patrimônio sociológico representado, principalmente, pelo linguajar, vestimenta, arte culinária, formas de lides e artes populares. 20 - Zelar pela pureza e fidelidade dos nossos costumes autênticos, combatendo todas as manifestações individuais ou coletivas, que artificializem ou que descaracterizem as nossas coisas tradicionais. 25 - Pugnar pela independência psicológica e ideológica de nosso povo. No nosso horizonte, Barbosa Lessa e Glauco Saraiva ao defenderem as idéias e valores do MTG, propagando as relações de unidade dos grupos sociais, exprimindo conceitos, princípios, idéias, refletindo uma época, criaram uma doutrina - A Doutrina do MTG. A Doutrina do Gauchismo. CONCLUSÃO Exposto ao enfraquecimento de nossos princípios, de nossas raízes, ao fazermos concessões, estamos, hoje, à vista de um perigo muito maior. Um risco que atinge à nação, aos brasileiros. É a invasão cada vez maior de usos e costumes alienígenas. De modo geral, podemos citar algumas práticas: Halloween, rodeios, o uso de termos em inglês que infesta o nosso linguajar, o nosso visual. É a influência americana atuando intensamente. Não somos xenófobos, mas antes de tudo somos brasileiros e aqui seremos recorrentes: Do somatório das diversas culturas regionais é que será feita a cultura maior, - A CULTURA NACIONAL. Nós, gaúchos, temos duas grandes responsabilidades: • Se a cultura estrangeira é lesiva , porque vem camuflada de interesses políticos e , principalmente , comerciais, a cultura gaúcha é responsável pelo exemplo de cidadania. O MTG , através dos CTGs, ao levar a pureza de seus ideais e dos seus valores, marca, para os nossos irmãos que nos recebem, o modelo de um povo - que ama o seu pago, a sua história, os seus costumes. Na proliferação das mensagens levadas pelos nossos valores, esses irmãos podem perceber que eles também têm condições de fazer nos seus rincões a exteriorização de seus elementos culturais. • Quando nos referenciamos à Brasília , foi para mostrar que nunca sentiremos a solidão dos viventes omissos. Mas, para continuar podendo fazer uma afirmação dessa categoria , é preciso que o nosso Rio Grande não perca o foco político a que também está exposto, ou seja, se imunize à assimilação de elementos que buscam ferir os nossos princípios, os nossos padrões sociais. A cultura original vem do nascer e independe de qualquer graduação ou escolaridade. Transmitida e absorvida pelos sentidos é mais autêntica e mais representativa. É a cultura da sabedoria nata. É a matriz principal, a fonte de atividade. A última a ser corrompida, pois age através do pensamento, da percepção, da intuição. Quando atingida em seus alicerces é de tal maneira abalada, que a matriz inicial desaparecerá. O aculturamento completo se estabelece. A cidadania se esvai. O Rio Grande do Sul é a fonte de um povo distinto que, seduzido pela querência, extravasa todos os sentimentos de bem-querer ao chão nativo. E nós, tradicionalistas, assim gerados, abraçamos uma causa que tem o tamanho da querência. E na exortação da nossa sensibilidade, como brasileiros e gaúchos, vamos fazer do MTG a trincheira de resistência à invasão da contracultura que tentam nos impingir. O MTG tem invertido a ordem de prioridade. O estético tem prevalecido sobre o conteúdo. Isso tem sido um contra-senso. O conteúdo se sobrepõe ao estético. Não precisa deste para ter vida. A recíproca não é verdadeira. Mas, seria também um contra-senso não usar o estético. Como elemento subsidiário aditivo é de vital importância. Pode-se afirmar que somente com a cultura original o MTG já tem vida. É lei: qualquer coisa para ter existência é preciso de um fato gerador que lhe dê o início. A anomia é a ausência de leis, de normas ou de regras de organização. Mas , por mais paradoxal que pareça , a sensação de anomia é mais forte quando existem normas, que se revelam ineficazes por não serem cumpridas na íntegra ou em parte. É o que acontece no nosso Movimento e que aparece neste trabalho. Sabemos que não há intenção pessoal ou coletiva de infringir o que foi regrado. Atribuímos de pleno que o problema, como já afirmamos antes, está no crescimento desproporcional pelo qual passamos. O Movimento, na totalidade, é ainda positivo, mas precisa ser repensado para enfrentar o conflituoso tempo que a humanidade passa. Não podemos ficar ao largo, sob pena de sermos alijados da história. Os problemas que afetam as bases culturais do MTG, no nosso pensar, resumem-se à análise e cumprimento dos dois parágrafos supra. Outras dificuldades, que porventura existam, serão de ordem puramente estrutural. Se este nosso trabalho servir como referencial para a proposição da qual faz parte, estaremos gratificados. PROPOSIÇÃO Propomos: I - Que a diretoria a ser eleita neste Congresso estude, a critério de seu Presidente, a formação de uma Comissão com a finalidade de REPENSAR O MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAÚCHO , tendo como base principal a Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista Gaúcho (Glauco Saraiva) e a Tese: O Sentido e o Valor do Tradicionalismo.(Barbosa Lessa) A meta a ser atingida strictu sensu é a adequação do MTG frente a realidade global e a do Brasil e, lato sensu , às adaptações estruturais como um todo. II - Que a nova diretoria tenha entre seus objetivos principais imediatos o uso do MTG para se contrapor ao violento processo contracultura que se faz sentir no Rio Grande do Sul. Temos que ter em mente: o aculturamento na nossa própria terra é o mais cruel, pois atinge diretamente o berço da nossa cultura. Sem a cultura originária, em pouco tempo, seremos mendigos de prato cheio. Brasília (DF), 16 de novembro de 2005 F. 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Posted on: Sat, 12 Oct 2013 03:03:19 +0000

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