O discurso da Dilma foi coerente e extremamente sóbrio. Palavras do Guilherme Tomishiyo, que teve a bondade de explicar. "Seguinte: a presidente tem que ter três coisas em mente. 1) Que a situação política no país é de insatisfação extrema, e que a ordem precisa ser restabelecida sob risco de golpe de Estado; 2) que grande parte das atribuições que são de esfera dos governos municipais e estaduais estão sendo atribuídas a ela, ainda que não sejam sua atribuição. E isso sem falar de atribuições de outros poderes da República, como o Legislativo e o Judiciário. 3) Devido ao ponto (2), ela precisa tomar cuidado com o que diz em relação a apoiar ou reprovar os protestos, porque isso pode ser visto pela população como uma provocação, intensificando assim a parte dos grupos minoritários violentos. Sendo assim, o que ela poderia fazer? 1-Aprovar planos de ação populares. Aí entra a questão da melhoria dos serviços públicos e dos royalties do petróleo para a educação. Apesar do plano não estar bem delimitado, isso demonstra que o governo federal entende que há uma insatisfação com os serviços públicos e que planeja reformas no setor. 2-Mostrar-se disposta a dialogar com as lideranças dos protestos e discutir com eles a possibilidade de atendimento das reivindicações propostas. Foi isso que ela fez. E 3- atentar para o zelo da ordem pública e do Estado Democrático de Direito, sem no entanto chamar as manifestações de ilegítimas e vândalas, como foi feito pelo governo do estado de SP. E foi isso que ela fez, dizendo que existia uma minoria vandalizando coisas e causando tumulto (como de fato existe) e que essa minoria não deveria contaminar o restante dos protestos. De brinde, ela ainda defendeu a permanência dos partidos políticos, um pilar fundamental a democracia brasileira (e uma das grandes razões de luta que tivemos com a Ditadura Militar), sem no entanto deixar de entender que a população está descontente com o que os partidos políticos fizeram na nossa história, e ainda denunciou os verdadeiros culpados pela corrupção do poder público: o poder econômico. Eu comecei a assistir esse discurso de forma muito apreensiva, temendo que ela fosse declarar Estado de Sítio ou coisa pior, convocar a Guarda Nacional para restabelecer a ordem, ou alguma ação mais violenta. Ao invés disso, eu vi uma defesa da democracia e da representatividade, uma líder disposta a dialogar com os setores divergentes e propondo reformas de imediato. Tudo isso voltando a restabelecer a estabilidade perdida. Oras, se não é isso que um líder a favor da democracia deveria fazer, o que seria? Lembrando que o presidente da República não é onipotente, e que muitas das reivindicações que eu vejo as pessoas fazendo não competem a presidente da República." E quem vier me chamar de PTista, Esquerdista ou qualquer outro ista, pode ir tomar no cu. =)
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 02:30:46 +0000
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