O que é desejo para o Budismo? É costumeiro confundir com a - TopicsExpress



          

O que é desejo para o Budismo? É costumeiro confundir com a concepção do nosso senso-comum e termos um visão estereotipada do assunto. Talvez esse breve texto possa esclarecer quem tiver interesse ou aqueles que costumam ter uma ideia distorcida do que se trata e que provavelmente nem se dão conta disso. "Para que a ferida [de nossa existência] seja curada, precisamos conhecer sua causa, e a Segunda Nobre Verdade a identifica. A causa do deslocamento da vida é "TANHA". Mais uma vez a imprecisão na tradução - até certo ponto, todas são imprecisas - faz com que seja sábio permanecermos próximos do sentido original da palavra. Tanha é normalmente traduzido como "desejo". Há algo verdadeiro nisso, mas se tentarmos fazer com que "desejo" seja o equivalente a tanha, então teremos dificuldades. Para começar, a equivalência tornaria a Segunda Nobre Verdade inútil, pois acabar com os desejos, no nosso estado presente, seria a morte, e morrer não resolveria o problema da vida. Mais que inútil, porém, a afirmação de equivalência seria totalmente errada, pois há muitos desejos que o Buda advoga explicitamente, o desejo de libertação, por exemplo, ou pela felicidade dos outros. TANHA é um tipo específico de desejo, o desejo de realização pessoal. Quando somos altruístas, somos livres, mas essa é exatamente a dificuldade - manter esse estado. Tanha é a força que o rompe, nos trazendo de volta da liberdade total para buscar a realização para nosso próprio ego, que verte como uma ferida secreta. Tanha consiste em "todas aquelas inclinações que tendem a continuar ou aumentar a separação, a existência separada do objeto de desejo: de fato, todas as formas de egoísmo, a essência da qual é a realização do próprio desejo à custa, se necessário, dos outros. (...)" (Humphreys, Buddhism, Harmondsworth, Inglaterra: Pelican Books, 1951) A perspectiva comum humana está a meio caminho da descrição de Ibsen de um hospício, no qual "cada qual se tranca no tonel do eu, o tonel fechado com a tampa do eu e curtido no poço do eu". Quando recebemos uma fotografia de grupo, qual é o rosto que primeiro procuramos? É um pequeno sintoma, mas diz muito sobre o câncer que nos devora e nos causa dor. Onde está o homem que se preocupa com que ninguém tenha fome tanto quanto se preocupa em se alimentar seus próprios filhos? Onde está a mulher que se preocupa tanto com a elevação do padrão de vida para todo o mundo tanto quanto com o aumento do próprio salário? Aqui, diz Buda, é onde está o problema. É por isso que sofremos. Em vez de unir nosso amor e nosso destino ao todo, persistimos em amarrá-los nos jumentos franzinos do nosso ego, que certamente tropeçarão e finalmente se esgotarão. Mimando nossa identidade individual, trancamo-nos dentro do "nosso ego encapsulado dentro da nossa pele" (Alan Watts) e buscamos realização por meio da sua intensificação e expansão. Será que não pode ver que "é o eu que nos faz sofrer"? Longe de ser uma porta para a vida abundante, o ego é um hérnia estrangulada. Quanto mais incha, mais aperta a livre circulação da qual a vida depende e mais dor causa." Huston Smith, professor do MIT. em "Budismo - Uma Introdução Concisa" Um modo mais correto de se compreender tanha, ao meu ver, talvez seria "anseio egoísta" e não "desejo", pois esse é muito geral e pouco esclarecedor nesse contexto. Kafka Liberty Ernesto von Rückert
Posted on: Tue, 10 Sep 2013 02:11:49 +0000

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