Para mim, a memória aconteceu como presença ativa na infância. Cedo, o mundo das narrativas saídas de qualquer meio, povoou-me. A mim pouco importava que fossem transmitidas através das vozes de familiares, pelo rádio, na sessão vespertina dos cinemas, nos teatrinhos infantis ou na tela da televisão.. in A CENA E A MÉMORIA - Carlos Bartolomeu "Segundo o registro dessa minha primeira lembrança teatral, meu contato com o teatro se deu, " quando tinha 7 para 8 anos, com uma peça infantil montada pelo TAP. Ficou intrigado, chocado com umas árvores que andavam e dançavam feito bailarinas, fantasiadas de verde. E mais aborrecido ficou quando, por timidez, não conseguiu ir ao palco e pegar as balas e as bolas que eram distribuídas com as crianças." (MACHADO,1986. p,338 ) Primeiros gestos? O pudor, a timidez, um ego cuidadoso em se proteger, recortava desde o início, as cenas dentro de determinadas situações, envolvendo-as numa roupagem diversa daquela existente. Evadindo-me do estabelecido, não aceitava aquela realidade como ideal, recuava na poltrona do teatro e no ocultamento das sensações e amplificado experimento da frustração, endereçava-me ao cotejo daquela vivência, com outras possibilidades, outras visões e no distanciamento, como reação emocional encontrava a maneira de localizar e auscultar as gentes e os objetos. Deixando de lado a cena italiana, minha direção foi encaminhada a cena humana. Ao humano e seus movimentos. Ou antes, a idealização visual do ato. (...)"
Posted on: Sat, 21 Sep 2013 03:11:42 +0000