Platão atormenta-me. Na minha memória persiste a imagem da menina de ouro, ouro sobre azul, nos trajes de ouro sobre goles. Essa menina cresceu e tornou-se uma mulher. Essa mulher atormenta-me. Essa mulher ainda me ama (ou quero eu acreditar que sim), essa mulher quer me bem e quer me mal. Essa mulher é tudo e é nada, um sonho e um pesadelo, paixão e paixão. Não há remédio que cure a ferida, não há opiáceo que me faça esquecer, não há dor que ela não cure, mas a dor que me atormenta é fruto da sua própria cura. As noites de luxúria não me oferecem luxo, as noites de prazer não me dizem nada. Fujo. Fujo constantemente, pedindo por substâncias, alquimias que me façam esquecer. Fujo. Corro para fora das quatro paredes a que me custa chamar casa para tirar a imagem da menina-mulher da minha cabeça. Ela persegue-me. Ela fala-me nos meus sonhos, quando sonho acordado. Ela persiste em permanecer nas curvas do meu pensamento, como se de sua posse se tratassem. O toque feminino (por mais doce que seja) não representa para mim a suavidade do toque dela, o abraço não faz sentido, o beijo é supérfluo, o prazer não me apraz. Engano-me com promessas de um futuro melhor, mas acho que alguém se enganou ao chamar o hoje de presente. Olho para trás, ela está lá, ela está no ontem, no hoje, e no amanhã. Será isto bom? Porque não posso eu apenas seguir? Apenas ignorar? Apenas fugir do sentimento e esconder-me? A imagem da pessoa que hoje ao meu lado está lembra-me de ti, tudo o que de bom tenho na vida é uma tentativa falhada de me aproximar da tua imagem, de tentar preencher o vazio com um círculo que não encaixa na fenda quadrangular que em mim deixaste. Quando poderei eu ter-te a meu lado como de antes? Quando poderei eu largar estas máscaras? Platão atormenta-me. 'Platão Atormenta-me' - Trevo Violeta
Posted on: Thu, 05 Sep 2013 03:41:44 +0000