Quatro teses para jogar na roda (comentem, critiquem, - TopicsExpress



          

Quatro teses para jogar na roda (comentem, critiquem, arrebentem): 1) Queremos mais, não menos democracia. Isso implica que a) por mais imperfeita que ela seja, devemos lutar a todo custo pela permanência de nossa democracia representativa. É de dentro dela que poderão vir nesse momento medidas positivas e de radicalização democrática (NÃO a golpes e golpistas de todas as matizes); e b) devemos, sim, reconhecer sem quaisquer ressalvas a legitimidade do atual governo eleito democraticamente. É no interior desse espaço constitucional que nossas lutas políticas podem se estabelecer e têm se estabelecido (NÂO a todos "Fora Dilma" e oportunistas que tais). 2) Radicalização e aprofundamento da democracia não implicam em supressão de partidos políticos (pelamordezeus!). Considero inteiramente legítima a insatisfação com a forma-partido que tem surgido nas ruas em todo mundo nos últimos anos, mas devemos ter consciência clara que os partidos constituem uma plataforma essencial para o exercício democrático até o momento. Precisamos, com isso, a) desenvolver e lutar por meios de participação popular que complementem e aprofundem o nosso sistema político-partidário, transferindo mais e mais poder decisório de mais e mais instâncias institucionais para a sociedade; e b) apoiar e lutar por medidas constitucionais que aperfeiçoariam nosso sistema político-partidário, como uma reforma política radical (reformapolitica.org.br), sabendo que democracia é uma permanente obra em construção. Apenas uma democracia radicalizada poderá, quem sabe um dia, levar os partidos políticos à obsolescência; uma democracia imperfeita que queira fazê-lo acabará por recair necessariamente no fascismo. 3) Política não-institucional também é política – e, se quisermos, com P maiúsculo inclusive. Ser apartidário não significa, obviamente, ser apolítico. Democracias representativas se radicalizam, aprofundam e atualizam na tensão vinda de fora do jogo estrito da politica institucional, provocada por movimentos populares que exigem novos direitos e novas formas de reconhecimento político inexistentes ou imperfeitas (ou até mesmo, em alguns casos, inconstitucionais). Assim, esses movimentos podem vir a alargar os limites por demais estreitos da política institucional vigente e dos mecanismos decisórios de nossa democracia. 4) O que temos nas ruas é um levante social de massas em processo aberto de politização. Trata-se de uma multitude (utilizo este termo para evitar o conceito, mais espinhoso, de “povo”) em larga medida ainda disforme politicamente que será determinada segundo o jogo de forças ainda em disputa nas ruas e no debate público. Há afetos políticos autoritários em convivência com afetos progressistas e até mesmo revolucionários (às vezes, em um mesmo indivíduo). O problema consiste em saber, portanto, como mobilizar e politizar esses afetos. A direita e a grande mídia, aproveitando-se da crise da forma-partido, estão utilizando os vetores de politização afetiva de sempre: nacionalismo, redução do Estado e de seus funcionários, “guerra à imoralidade na política e à corrupção”; tais vetores têm a vantagem de serem permeáveis às mais diversas roupagens, de modo que podem se camuflar até mesmo de progressistas na atual conjuntura política. A esquerda, se ainda insistiu na racionalidade da forma-partido, foi objeto de rechaço das massas que anseiam por politizações alternativas (ou seja: acredito que o rechaço aos partidos de esquerda que vimos na quinta-feira não provêm exclusivamente da direita fascistóide). O desafio para a esquerda consiste, portanto, em encontrar métodos de politização alternativas que, simultaneamente, respondam à crise da forma-partido e mantenham a exigência de radicalização da democracia.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 16:11:24 +0000

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