Queridos pais, admiro a coragem que tiveram de enfrentar o mundo juntos. Desculpe-me por ter roubado-lhes a juventude e deveras sonhos. Agora entendo o porque de vocês viverem aconchegando-me quando caía, quando chorava. Eu entendi tudo, tudinho. Vocês me abraçaram até o ultimo segundo de infância, pois sabiam que quando eu crescesse não conseguiriam estar ao meu lado, não conseguiriam me abraçar nem me acolher. Meus pais queridos, esse mundo é imenso, não vai até o parque de diversões como costumava pensar. As coisas mudaram, eu mudei. Não tive opção e nem saída. Eu cresci e estou em meu ultimo ano na faculdade, mas não é só o meu ultimo ano na escola, é o meu ultimo ano de vida também. Não estou reclamando da educação que recebi, mas receio que ao invés de ensinaram apenas 1+1 e equações que deixam uma enorme dor de cabeça durante o resto do dia, poderiam ensinar também a superar e a lidar com as pessoas, com nossos sentimentos. Eu vivi sorrindo achando que essa tempestade um dia teria fim e realmente teve, só que o que restou foram destroços, destroços de mim. Nada ficou, não ficou em pé, nada sobrou. Peço que não chorem e nem se culpem, vocês fizeram o que puderam. Acontece que na correria, no medo de acabar sozinha, eu acabei caindo em um precipício tão fundo que já não enxergo a saída nem a famosa luz no final do túnel. Estou soterrada em minhas amarguras. Tive tanto medo de acabar sozinha que não percebi que eu sempre estive sozinha.” — Cartas de uma durona
Posted on: Sun, 06 Oct 2013 00:24:14 +0000