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Revista VEJA - Sobre Palavras “Afinal, o café é ‘expresso’ ou ‘espresso’?” (Reinaldo Leme) A dúvida de Reinaldo é das boas. Encontram-se por aí as duas grafias, expresso e espresso. Prefiro a primeira – como, aliás, os poucos dicionários que registram essa acepção da palavra – pelas razões abaixo. Espresso é uma palavra italiana que, em português, traduz-se como expresso. Sim, foi na Itália que nasceu o café preparado dessa maneira, na hora, numa máquina especial. Mas não me parece que isso seja razão suficiente para importarmos também a grafia original. Quem defende o uso de “espresso” alega que a palavra portuguesa expresso provoca confusão, por dar a entender que o particípio irregular do verbo exprimir, onde nasceu esse adjetivo (e também substantivo), tem algo a ver com a mecânica do café expresso. Acontece que, etimologicamente, tem mesmo, ainda que por vias meio tortas. Expresso é uma tradução literal possível de espresso e compartilha com ele um antepassado distante: o latim exprimere, que significava tanto “apertar com força, extrair” quanto “pronunciar, enunciar claramente”. A história se complica um pouco porque dessa matriz latina o português tirou dois verbos distintos: espremer (no século XIV) e exprimir (no XV). Embora, como explica o Trésor de la Langue Française no verbete express, nunca tenha ficado estabelecido acima de qualquer dúvida se o espresso italiano nasceu com o sentido de “espremido, feito sob pressão” ou por analogia com a acepção (anglófila) do trem expresso, isto é, “rápido, direto ao ponto”, a grafia com xis tem sido adotada em francês e também aqui (em inglês, escreve-se espresso, à italiana).
Posted on: Mon, 25 Nov 2013 21:03:16 +0000

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