TEXTO I - “Substituir a sotaina do falso sacerdócio pela - TopicsExpress



          

TEXTO I - “Substituir a sotaina do falso sacerdócio pela túnica branca do trabalhador honesto”. Essas colocações que faço a seguir foram publicadas no Diário do Congresso Nacional no dia 26 de março de 1981, e demonstram como é difícil mudar as coisas nesse país. Receberam inclusive o apoiamento do líder do PMDB, o grande senador Marcos Freire, dos senadores Humberto Lucena, Leite Chaves, Pedro Simon e Gilvan Rocha, solidários com a greve provocada pela Federação Nacional dos Médicos e pelos Sindicatos Médico inclusive o de Santa Cartarina. “Enquanto o Governo não assumir devidamente a assistência médica á população, enquanto não tiver uma estrutura própria hospitalar, enquanto não tiver um corpo de profissionais médicos e paramédicos voltados para execução dessa Política de Saúde, realmente destinada à grande parcela da população marginalizada, não há como se pretender resolver no varejo aquilo que está errado no atacado. Por isso mesmo, é importante afirmar que poucos sabem e não querem admitir, que a ineficiência global do Sistema médico assistencial é responsável pela exploração de estagiários e médicos residentes, pela procrastinação do atendimento através do pedido de desnecessários exames laboratoriais, assim como muito poucos sabem também que é um modelo concentracionista da medicina de mercado, que impede a interiorização dos médicos, concentrando geograficamente nas grandes cidades para formação de um exército de reserva de desempregados dos hospitais, que assim podem sempre forçar a baixa de salários ao provocar a competição do médico com o próprio médico. Mas o fundamental, e é a colocação que faço, é que não se tente minimizar a posição da classe médica neste momento de luta, como se os médicos pretendessem apenas resolver um problema de ordem salarial. O movimento de renovação médica, com responsabilidade, está finalmente fazendo aquilo que muitos imaginavam na minha geração: “Substituir a sotaina do falso sacerdócio pela túnica branca do trabalhador honesto”. Essa minha frase, que sei polêmica é capaz de sintetizar um pensamento de mudança e de garantir realmente o que diz a Constituição: é função, é obrigação do Estado garantir o direito de todos à saúde.” Hoje com muito mais consciência social a classe médica e paramédica, esta pretendendo mais do que seus próprios privilégios ou interesses, se eles houverem. Por isso é fundamental que os governos não se percam em casuismos, fazendo sempre o mais do mesmo. A interiorização da medicina com inteligência exige carreira de estado para o profissional da medicina, um mínimo de estrutura hospitalar e visão clara da sua responsabilidade. Sem esse ‘principal’, não há por que pretender resolver o problema com o suplementar, ou complementar. Clareza nas responsabilidades a nível federal, estadual e municipal. Não se trata como muitos imaginam apenas de falta de recursos ou deficiências de gestão, além dos desvios criminosos dos recursos. O exemplo recente do presidente Obama é emblemático. Um país que levou o homem a lua e gasta trilhões em orçamentos de guerra, foi à justiça pra garantir assistência médica a milhões de americanos abandonados sem direito a assistência médica. O Brasil diferentemente, como o Canadá a Inglaterra e países nórdicos, inscreveu na sua Constituição que saúde é direito de todos e obrigação do estado. É uma questão de Segurança Nacional. O Governo precisa garantir a formação de médicos legistas, médicos peritos, médicos de família, pediatras, especialistas em todas as áreas, pesquisadores, toda gama de profissionais paramédicos também fundamentais para uma atividade que não pode, não deve, ficar sujeita as leis do mercado e ao interesse individual. Não se trata de excluir o auxílio de ninguém, mas garantir o direito legítimo de todos. Saudações Democráticas, Jaison Barreto. TEXTO II - Insistir, Insistir, Insistir... A divisa “substituir a sotaina do falso sacerdócio pela túnica branca do trabalhador honesto” foi tomada de empréstimo aos próprios grupos de regeneração dos objetivos da classe médica, inscrita como exortação nos brasões do SIMEPAR – Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná em 1975, dirigido a homenagear os colegas que valorizam o conceito da classe por todo esse Brasil de conflitantes contradições. “Por mais que queiramos tentar ignorar, com esgares de desprezo, o futuro da cultura é o futuro de uma cultura de massa. O período é de crescente democratização da saúde. E quando os planejadores educacionais e sanitários privilegiam os investimentos na especialização crescente procurando subdividir o trabalho médico em áreas cada vez menores, estão apenas revelando sua canhestra adaptação à realidade, que insistem em desconhecer. É gritante a defasagem entre as necessidades públicas de assistência social e os aparatos institucionais de sua satisfação, cuja ineficácia chega muitas vezes a ocupar até as páginas do noticiário policial, quando, por via de consequência, num erro cumulativo, procura-se responsabilizar indivíduos por falhas que são estruturais. Inúteis são as convulsões individuais para manter um comportamento de “casta” que não condiz mais com as imposições da História e do progresso humano, porque a medicina liberal já está sendo arrastada para o anonimato da linha de montagem hospitalar, dos gerentes da “medicina de grupo” e confunde, em grande extensão, as perspectivas da classe médica com as perspectivas da classe operária. Já afloram, por isso mesmo, os conflitos trabalhistas entre os grupos que exploram a residência médica como meio de enriquecimento ilícito, porque ao arrepio do Código de Ética Médica, que aborrece a intromissão de terceiros no binômio confiança/consciência. Já não são poucas as vozes que preconizam a sindicalização em massa da classe médica, para melhor conformar a disputa com os leviatãs que se agigantam à sombra da miséria pública. Já se unem as vozes que exigem a inclusão da profissão do médico como uma das categorias profissionais tuteladas pela Consolidação das Leis do Trabalho, porque enquanto as diversas categorias profissionais batem às portas da justiça, pelas mãos do dissídio coletivo, amparadas pela força social da quantidade de operários representados, a classe médica não pode participar dos benefícios daí advindos, porque seu caráter “liberal” esbarra em truculentos empecilhos legais, que remetem os inconformados à alçada do Código Civil. Por isto mesmo avultam os desentendimentos entre os grupos de pré- pagamento – odioso modelo de vassalagem – com os interesses da operosa classe médica. Por isso mesmo o protesto frequente da população contra a omissão de socorro das entidades assistenciais, que fazem da saúde um privilégio, e não um dos direitos mais comezinhos da natureza humana. A História, entretanto, cria naturalmente seus canais de expressão quando necessita colocar em jogo aquilo que é justo e necessário ao progresso da humanidade, e, em decorrência de sua necessidade atual de disparar modificações sociais profundas, vai buscar nos bancos universitários a reserva moral de uma pureza não comprometida, para acionar seus desígnios regeneradores. E essa é a grande esperança da humanidade, a de poder contar, em meio a tanta contravenção e comprometimento, em meio a tanta inversão de valores, em meio a tanta hipocrisia organizada, em meio a tantas ameaças que pairam em seus cinzentos horizontes, em meio a tantos entraves ao progresso, com a disposição e o entusiasmo de uma juventude seletiva, que apreende, em meio a tantas deformações caracterológicas, a exigência perfectiva, de repúdio à degeneração, à contravenção e ao crime. Dentro disso a imposição da sensibilidade governamental aos desesperados reclamos do povo. Não há como paliativar o destino, através de acordos aviltantes com os concentradores da renda. A socialização da medicina é uma perspectiva que se realizará mais cedo ou mais tarde, entendendo-se como socialização da medicina a extensão da assistência médica, em todos os níveis, a toda população, independentemente da distância social em que se encontre o cidadão necessitado, porque a natureza humana é suficiente à sua dignidade. Fora disso, qualquer diferenciação é preconceituosa: o instrumental humano é um só, independentemente de raça, religião, credo filosófico ou de cultura, porque tais diferenciações nascem não da incompetência, mas da falta de oportunidades, que é preciso corrigir. A compreensão de que a tarefa imediata para a solução dos problemas da classe médica e da sociedade é a conscientização intensiva dos quadros médicos nacionais, que não podem descartar ou menosprezar a hipótese de serem os geradores de seu próprio destino, dentro dos recursos de organização classista, assimilando toda a experiência histórica dos trabalhadores em todo o mundo, na sua luta pela emancipação econômica política e social. Ao invés do elogio gratuito, que protela e engana , preferimos a fria análise dos fatos que chegam ao nosso conhecimento, seja como médico, para formalizar a denúncia de uma realidade que nos agride de modo intolerável – à qual não é possível fugir – e diante da qual só nos é possível convocar à centralização de novos e ingentes sacrifícios, porque a harmonia social com que sonhamos ainda se encontra em suas primeiras clarinadas”. Essas minhas colocações são ainda hoje atuais, com um ou outro retoque. A PEC – carreira de estado para os médicos, é quase uma imposição para garantir o direito à saúde para todos. Saudações democráticas, Jaison Barreto.
Posted on: Sat, 06 Jul 2013 03:36:29 +0000

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