Uma casa assombrada chamada Vila Franca Centro que tem a porta aberta porque todos fecham os olhos. Não há limpeza nem elevadores nem escadas rolantes e das 155 lojas só 23 continuam de portas abertas. A câmara municipal tentou viabilizar o espaço instalando alguns dos seus serviços num dos quatro pisos mas acabou por desistir em Fevereiro deste ano. Agora nem sequer a limpeza é feita e circular em alguns espaços chega a meter medo. A percepção dos lojistas que ainda resistem é que tudo está a ser feito para os correr dali para fora. O centro comercial Vila Franca Centro abriu em 1998 com pompa e circunstância. A principal novidade era um cinema Imax a três dimensões que não existia em nenhum outro local do país. Agora só ainda não está fechado porque ainda nenhuma das entidades que têm obrigação de fiscalizar aqueles locais, decidiu actuar. O MIRANTE anda há duas semanas a tentar falar com a Obriverca, empresa proprietária, mas nenhum responsável está disponível para falar do assunto. Dos 155 espaços disponíveis para lojas apenas 23 continuam ocupados. E todos os meses há lojas a fechar. Com quatro pisos os acessos são mínimos. Dos três elevadores existentes, um dos quais monta-cargas, só um está a funcionar. As escadas rolantes há muito tempo que estão paradas. No acesso às mesmas há avisos a dizer que estão “em manutenção”. O MIRANTE não conseguiu verificar quando foi feita a última inspecção aos elevadores porque os dados não estão à vista mas o prazo de validade do conteúdo dos extintores caducou em Novembro de 2011. Contactada a protecção civil municipal, a resposta veio através do gabinete de imprensa. Segundo ela, a vistoria das instalações é da “responsabilidade da Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC), a pedido do proprietário”. Uma forma de explicar que o município não está interessado em tomar qualquer decisão quanto ao que se passa naquele espaço. As casas de banho do rés do chão onde se situa a maioria das lojas e as do 4º piso onde ainda funcionam dois estabelecimentos de comida rápida, não são limpas pelo condomínio há, pelo menos, duas semanas. E o que se passa com as casas de banho passa-se também nas restantes áreas comuns, como corredores, elevadores, escadas... Segundo a administradora, Belmira Neves, a limpeza não é feita porque dos 23 lojistas há 15 que há muito não pagam as despesas de condomínio. O telefone fixo da administração está cortado por falta de pagamento. A mesma fonte revelou que estão diversos processos a correr no Tribunal da cidade para liquidação coerciva dos pagamentos em atraso. Para além de colocar questões à Autoridade Nacional de Protecção Civil, O MIRANTE falou com a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Não nos chegou qualquer resposta. Por enquanto vão sendo pagas as despesas com a energia eléctrica, a água e a segurança mas ninguém sabe até quando. António Salgueiro, um empresário que explora um quiosque-café ao fundo do corredor do rés-do-chão, junto às casas de banho, explica que há proprietários de lojas já encerradas que devem milhares de euros ao condomínio. Acrescenta que é o próprio que muitas vezes tem de ir ligar autoclismos para acabar com maus cheiros ou dar guardanapos de papel a quem quer usar as casas de banho do centro. “Andam a tentar cansar os lojistas e encerrar isto”, desabafa. No rés do chão do Vila Franca Centro funcionam 19 das 23 lojas. No primeiro andar existe um café e a sala da administração, enquanto no segundo piso apenas funciona um cabeleireiro. O terceiro andar está vazio e no quarto funcionam dois espaços de restauração, enquanto alguns dos restantes fecharam há anos mas ficaram como se tivessem sido abandonados de um momento para o outro, com tudo fora do lugar. Há pó e lixo com vários milímetros de altura e armários revirados com tachos, panelas e outros utensílios de cozinha por todo o lado. semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=609&id=92954&idSeccao=10517&Action=noticia
Posted on: Mon, 22 Jul 2013 08:28:01 +0000
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