Vós tendes na alma o maior de todos os segredos pois a - TopicsExpress



          

Vós tendes na alma o maior de todos os segredos pois a descobristes. Seguistes confusos todas as suas veredas, vistes incrédulos todas as suas formas, ouvistes ingénuos todos os seus sons, vivestes extáticos no interior da sua dádiva e, eleitos, por ela exorcizastes a morte. Ela é o caminho, a verdade e a luz. Ela é o verbo é a palavra. Ela é a primeira das imagens que nasceram de Deus, por ela todas as coisas foram feitas. Ide, agora, e espalhai pelo mundo o maior de todos os segredos, não o guardeis para que não amareleça como esta folha de papel onde se inscreve. 108 — Abram a vossa alma, o vosso interior à luz e soltem a palavra que fará o mundo renascer. "Lampe de Hanuka de tês modestes flammes, Sans éblouir nos yeux illumine nos âmes.” 16 Enquanto Josef lia, as lágrimas corriam-lhe pelo rosto sobre o papel e os ombros descaíam-lhe sob o peso, o peso do único segredo que se queria partilhado. Só minutos mais tarde entendemos todos a sua dimensão e a responsabilidade que arcávamos ao tê-lo descoberto e trazido do interior da terra. A palavra nos conduzira até ele e, a partir daquele momento, nortearia a nossa vida, a nossa história, ditando-nos aquelas que haveríamos de dizer, escrever, cantar, sussurrar, gritar… imortalizar, para além de uma morte que parecia termos vencido. “Numa época de trevas e de silêncio imposto, a palavra era o bem mais precioso que o nosso povo tinha. Era a palavra proibida da Tora, que nos dava coragem e esperança para resistirmos ao inferno, era na lembrança dela que encontrávamos o amor e o afecto dos pais, dos irmãos, dos avós que nos haviam roubado, era o seu som que nos recordava que não estávamos sós, a sua música que nos ressuscitava a alegria e levantava as pálpebras fechadas sob o peso de toda a barbárie. Por isso ela era proibida, todos conheciam o seu poder. Ela era o bálsamo para todas as feridas, o alento para todas as tristezas, o auxílio para todos os desesperos, a porta sempre aberta para a esperança, para a fé, para a liberdade. Poupámo-la ciosos e receosos e só a podiam ouvir —————————— 16 Trad. de Eduardo Dias “Lâmpada de Hanuka das tuas modestas chamas Sem ofuscar os nossos olhos ilumina as nossas almas”. — 109 aqueles a quem era destinada. Em criança os meus pais diziam-me que eu ainda não tinha idade para compreender o segredo da lâmpada, pois ele revelava-se com a vida e a sabedoria. E agora afirmo eu, os que tão voraz e tragicamente o procuraram não poderiam compreendê-lo nunca, mesmo que vivessem eternamente.” No momento em que as palavras deram lugar à luz da revelação que inundou o nosso espírito, eu senti alguns novelos de dúvidas a atormentarem-me. “Mas que interesse poderiam ter aqueles dois nesta lâmpada? Bem, ao longo destes anos, para perceber a perseguição de que sempre fomos alvo, investiguei um pouco os fundamentos ideológicos do nazismo e, sobretudo, a personalidade de Hitler e cheguei à conclusão que uma das suas obsessões era o medo da morte, daí a busca do Graal em Monteségur. Aliás, ele escreve no “Mein Kampf”, que a vida eterna, proporcionada pelo Graal, é reservada unicamente aos homens de sangue puro como ele, a sua luta secreta travava-se contra a morte. O arianismo, a eugenização, a purificação da raça, eram formas para a tentar vencer, podando o ser humano de tudo o que o arrastava para o fim e lhe negava a imortalidade e a possibilidade de ser Deus, como ele cria ser, o Messias, o profeta mandatado para travar o combate contra os Judeus. Por outro lado, a lâmpada simboliza a luz da sabedoria e a aspiração secreta do nazismo era o conhecimento integral. Isto são tudo conjecturas, eu próprio ainda desconheço praticamente tudo acerca do poder deste objecto. Mas fosse como fosse, os nazis conheciam a importância da Lâmpada de Hanuka para o nosso povo e talvez Hitler pensasse que ela estaria relacionada com o segredo da imortalidade, que ele tanto procurava. Há ainda outra explicação, o segredo da lâmpada, como 11 0 — acabámos de constatar, reside na luz da palavra. Hitler escreveu no Mein Kampf: “A força que movimentou as grandes avalanchas históricas, no domínio político ou religioso, foi somente o poder mágico do Verbo.”
Posted on: Thu, 01 Aug 2013 08:55:10 +0000

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